sexta-feira, 10 de abril de 2009

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

"PAI, ... a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o Deus único verdadeiro, e aquele
que enviaste, Jesus Cristo" (Jo 17,3). "Deus, nosso Salvador ... quer que todos os homens sejam
salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2,3-4). "Não há, debaixo do céu, outro
nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos" (At 4,12), afora o nome de JESUS.
I - A VIDA DO HOMEM CONHECER E AMAR A DEUS
1) Deus, infinitamente Perfeito e Bem-aventurado em si mesmo, em um desígnio de pura
bondade, criou livremente o homem para fazê-lo participar de sua vida bem-aventurada. Eis por
que, desde sempre e em todo lugar, está perto do homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-lo, a
conhecê-lo e a amá-lo com todas as suas forças. Convoca todos os homens, dispersos pelo
pecado, para a unidade de sua família, a Igreja. Faz isto por meio do Filho, que enviou como
Redentor e Salvador quando os tempos se cumpriram. Nele e por Ele, chama os homens a se
tornarem, no Espírito Santo, seus filhos adotivos, e portanto os herdeiros de sua vida bemaventurada.
2) A fim de que este chamado ressoe pela terra inteira, Cristo enviou os apóstolos que
escolhera, dando-lhes o mandato de anunciar o Evangelho: "Ide, fazei que todas as nações se
tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a
observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação
dos séculos" (Mt 28,19-20). Fortalecidos com esta missão, os apóstolos “saíram a pregar por toda
parte, agindo com eles o Senhor, e confirmando a Palavra por meio dos sinais que a
acompanhavam" (Mc 16,20).
3) Os que com a ajuda de Deus acolheram o chamado de Cristo e lhe responderam
livremente foram por sua vez impulsionados pelo amor de Cristo a anunciar por todas as partes
do mundo a Boa Notícia. Este tesouro recebido dos apóstolos foi guardado fielmente por seus
sucessores. Todos os fiéis de Cristo são chamados a transmiti-lo de geração em geração,
anunciando a fé, vivendo-a na partilha fraterna e celebrando-a na liturgia e na oração .
II. Transmitir a fé - a catequese
4) Bem cedo passou-se a chamar de catequese o conjunto de esforços empreendidos na
Igreja para fazer discípulos, para ajudar os homens a crerem que Jesus é o Filho de Deus, a fim de
que, por meio da fé, tenham a vida em nome dele, para educá-los e instruí-los nesta vida, e
assim construir o Corpo de Cristo. .
5) "A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual
compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e
sistemática, com o fim de os iniciar na plenitude da vida cristã."
6) Sem confundir-se com eles, a catequese se articula em torno de determinado número
de elementos da missão pastoral da Igreja que têm um aspecto catequético e que preparam a
catequese ou dela derivam: primeiro anúncio do Evangelho ou pregação missionária para
suscitar a fé; busca das razões de crer; experiência de vida cristã; celebração dos sacramentos;
integração na comunidade eclesial; testemunho apostólico e missionário.
7) "A catequese anda intimamente ligada com toda a vida da Igreja. Não é somente a
extensão geográfica e o aumento numérico, mas também e mais ainda o crescimento interior
da Igreja, sua correspondência ao desígnio de Deus que dependem da catequese mesma."
8) Os períodos de renovação da Igreja são também tempos fortes da catequese. Eis por
que, na grande época dos Padres da Igreja, vemos Santos Bispos dedicarem uma parte
importante de seu ministério à catequese. É a época de São Cirilo de Jerusalém e de São João
Crisóstomo, de Santo Ambrósio e de Santo Agostinho, e de muitos outros Padres cujas obras
catequéticas permanecem como modelos.
9) O ministério da catequese haure energias sempre novas nos Concílios. O Concílio de
Trento constitui neste ponto um exemplo a ser sublinhado: deu à catequese prioridade em suas
constituições e em seus decretos; está ele na origem do Catecismo Romano, que também leva
seu nome e constitui uma obra de primeira grandeza como resumo da doutrina cristã. Este
concílio suscitou na Igreja uma organização notável da catequese. Graças a santos bispos e
teólogos, tais como São Pedro Canísio, São Carlos Borromeu, São Turíbio de Mogrovejo, São
Roberto Belarmino, levou à publicação de numerosos catecismos.
10) Diante disto, não estranha que, no dinamismo que seguiu o Concílio Vaticano II (que o
papa Paulo VI considerava como grande catecismo dos tempos modernos), a catequese da
Igreja tenha novamente despertado a atenção. Dão testemunho deste fato o Diretório geral da
Catequese, de 1971, as sessões do Sínodo dos Bispos dedicadas à evangelização (1974) e à
catequese (1977), as exortações apostólicas correspondentes, Evangelii nuntiandi (1975) e
Catechesi tradendae (1979). A sessão extraordinária do Sínodo dos Bispos de 1985 pediu: "Seja
redigido um catecismo ou compêndio de toda a doutrina católica seja sobre a fé seja sobre a
moral". O Santo Padre João Paulo II endossou este desideratum expresso pelo Sínodo dos Bispos,
reconhecendo que "este desejo responde plenamente a uma verdadeira necessidade da Igreja
universal e das Igrejas particulares". Ele envidou todos os esforços em prol da realização deste
desideratum dos Padres do Sínodo.
III. O OBJETIVO E OS DESTINATÁRIOS DESTE CATECISMO
11) O presente Catecismo tem por objetivo apresentar uma exposição orgânica e
sintética dos conteúdos essenciais e fundamentais da doutrina católica tanto sobre a fé como
sobre a moral, à luz do Concílio Vaticano II e do conjunto da Tradição da Igreja. Suas fontes
principais são a Sagrada Escritura, os Santos Padres, a Liturgia e o Magistério da Igreja. Destina-se
ele a servir "como um ponto de referência para os catecismos ou compêndios que são
elaborados nos diversos países".
12) O presente Catecismo é destinado principalmente aos responsáveis pela catequese:
em primeiro lugar aos Bispos, como doutores da fé e pastores da Igreja. É oferecido a eles como
instrumento no cumprimento de seu ofício de ensinar o Povo de Deus. Por meio dos Bispos, ele se
destina aos redatores de catecismos, aos presbíteros e aos catequistas. Será também útil para a
leitura de todos os demais fiéis cristãos.
IV. A ESTRUTURA DESTE CATECISMO
13) O projeto deste Catecismo inspira-se na grande tradição dos catecismos que
articulam a catequese em tomo de quatro "pilares": a profissão da fé batismal (o Símbolo), os
sacramentos da fé, a vida de fé (os Mandamentos), a oração do crente (o "Pai-Nosso").
PARTE 1: A PROFISSÃO DA FÉ
14) Os que pela fé e pelo Batismo pertencem a Cristo devem confessar sua fé batismal
diante dos homens. Por isso, o Catecismo começa por expor em que consiste a Revelação, pela
qual Deus se dirige e se doa ao homem, bem como a fé, pela qual o homem responde a Deus
(Seção 1). O Símbolo da fé resume os dons que Deus outorga ao homem como Autor de todo
bem, como Redentor, como Santificador, e os articula em tomo dos "três capítulos" de nosso
Batismo a fé em um só Deus: o Pai Todo-Poderoso, o Criador, Jesus Cristo, seu Filho, nosso Senhor
e Salvador, e o Espírito Santo, na Santa Igreja (Seção II).
PARTE II: OS SACRAMENTOS DE FÉ
15) A segunda parte do Catecismo expõe como a salvação de Deus, realizada uma vez
por todas por Cristo Jesus e pelo Espírito Santo, se toma presente nas ações sagradas da liturgia
da Igreja (Seção 1), particularmente nos sete sacramentos (Seção II).
PARTE III: A VIDA DA FÉ
16) A terceira parte do Catecismo apresenta o fim último do homem, criado à imagem de
Deus: a bem-aventurança e os caminhos para chegar a ela: mediante um agir reto e livre, com
a ajuda da fé e da graça de Deus (Seção I), por meio de um agir que realiza o duplo
mandamento da caridade, desdobrado nos dez Mandamentos de Deus (Seção II).
PARTE IV: A ORAÇÃO NA VIDA DA FÉ
17) A última parte do Catecismo trata do sentido e da importância da oração na vida
dos crentes (Seção 1). Ela termina com um breve comentário sobre os setes pedidos da oração
(Seção II), Com efeito, nesses sete pedidos encontramos o conjunto dos bens que devemos
esperar e que nosso Pai celeste quer conceder-nos.
V. INDICAÇÕES PRÁTICAS PARA O USO DESTE CATECISMO
18) Este Catecismo foi pensado como uma exposição orgânica de toda a fé católica. Por
isso é preciso lê-lo como uma unidade. Numerosas referências dentro do próprio texto, bem
como o índice analítico no fim do volume permitem ver a ligação de cada tema com o conjunto
da fé.
19) Muitas vezes os textos da Sagrada Escritura não são citados literalmente, mas são
feitas apenas referências (mediante a indicação "cf."). Para uma compreensão mais
aprofundada de tais passagens, é preciso consultar os próprios textos. Essas referências bíblicas
constituem um instrumento de trabalho para a catequese.
20) Quando em certas passagens se usa corpo menor, graficamente isto indica que se
trata de observações de tipo histórico, apologético, ou de exposições doutrinais
complementares.
21) As citações, em corpo menor, de fontes patrísticas, litúrgicas, magisteriais ou
hagiográficas são destinadas a enriquecer a exposição doutrinal. Com freqüência esses textos
foram escolhidos para uso diretamente catequético.
22) No final de cada unidade temática, uma série de textos sucintos resumem em
fórmulas condensadas o essencial do ensinam do ensinamento. Esses "resumindo" têm por
objetivo oferecer sugestões a catequese local para fórmulas sintéticas e memorizáveis.
VI. AS ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS
23) Neste Catecismo a ênfase é posta na exposição doutrinal. Quer ele ajudar a
aprofundar o conhecimento da fé. Por isso mesmo está orientado para o amadurecimento desta
fé, para seu enraizamento na vida e sua irradiação no testemunho.
24) Por sua própria finalidade, este Catecismo não se propõe realizar as adaptações da
exposição e dos métodos catequéticos exigidas pelas diferenças de culturas, de idades, de
maturidade espiritual, de situações sociais e eclesiais daqueles a quem a catequese é dirigida.
Tais adaptações indispensáveis cabem aos catecismos apropriados e mais ainda aos que
ministram instrução aos fiéis:
Aquele que ensina deve "fazer-se tudo para todos" (1 Cor 9,22), a fim de conquistar todos
para Jesus Cristo... Particularmente, não imagine ele que lhe é confiado um único tipo de almas,
e que conseqüentemente lhe é permitido ensinar e formar de modo igual todos os fiéis à
verdadeira piedade, com um só e mesmo método, sempre igual! Saiba ele bem que uns são em
Jesus Cristo como que criancinhas recém-nascidas, outros, como que adolescentes, e finalmente
alguns estão como que na posse de todas as suas forças... Os que são chamados ao ministério
da pregação devem, na transmissão dos mistérios da fé e das regras dos costumes, adaptar suas
palavras ao espírito e à inteligência de seus ouvintes.
ACIMA DE TUDO A CARIDADE
25) Para concluir este Prólogo, é oportuno lembrar este princípio pastoral enunciado pelo
Catecismo Romano:
Toda a finalidade da doutrina e do ensinamento deve ser posta no amor que não acaba.
Com efeito, pode-se facilmente expor o que é preciso crer, esperar ou fazer; mas sobretudo é
preciso fazer sempre com que apareça o Amor de Nosso Senhor, para que cada um
compreenda que cada ato de virtude perfeitamente cristão não tem outra origem senão o
Amor, e outro fim senão o Amor.
PRIMEIRA PARTE - A PROFISSÃO DE FÉ
PRIMEIRA SEÇÃO
"EU CREIO" - "NÓS CREMOS"
26 Quando professamos nossa fé, começamos dizendo: "Eu creio" ou "Nós cremos". Por isso,
antes de expor a fé da Igreja tal como é confessada no Credo, celebrada na Liturgia, vivida na
prática dos Mandamentos e na oração, perguntamo-nos o que significa "crer". A fé é a resposta
do homem a Deus que se revela e a ele se doa, trazendo ao mesmo tempo uma luz
superabundante ao homem em busca do sentido último de sua vida. Por isso vamos considerar
primeiro esta busca do homem (capitulo 1), em seguida a Revelação divina, pela qual Deus se
apresenta ao homem (capítulo II), e finalmente a resposta da fé (capítulo III).

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