quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Antes só
Há um ditado popular que diz: “Antes sozinho que mal acompanhado”. Como entendê-lo? Estar sozinho, buscar a solidão é algo que assusta a todos nós, pois Deus não nos criou para o isolamento, mas sim, para vivermos em sociedade:
O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada” (Gênesis 2,18).
Já era uma preocupação do Altíssimo que não vivêssemos sozinhos, pois bem sabe o Senhor o quão difícil é o peso da solidão. Criou-nos para estarmos em sociedade. Mas, acontece que nem todos caminham na mesma direção, nem todos buscam o mesmo sentido.
Quando isso não acontece o que fazer?
Geralmente as pessoas se agrupam por afinidades, por grupos de interesse. Em nosso caso, cristãos que somos, estamos juntos, pois seguimos a Cristo e acreditamos em Suas palavras. Acontece que nem todos têm o mesmo pensamento que o nosso, aliás, a sociedade de hoje é uma sociedade pagã que, infelizmente, se distancia cada vez mais de Deus. Por isso, é um desafio constante cultivar amizades e relacionamentos nessa realidade.
Um princípio dos alcoólatras anônimos é: “Evitar o primeiro gole”. Ora, para evitar o primeiro gole é preciso evitar companhias, lugares e situações que podem provocar a queda e a volta ao vício. Na verdade, é a aplicação do princípio deixado por Jesus Cristo: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”.
Oração e vigilância. Vigilância é exatamente isso: evitar companhias, lugares e situações que podem nos afastar de Deus, que podem nos levar ao pecado.
Se o outro não entender o motivo pelo qual evito sua companhia (e que isso seja feito não de forma agressiva!) e ele me der a oportunidade de lhe explicar, posso simplesmente dizer-lhe que minhas escolhas são distintas da dele. Caso perceba que ele não vá me entender, é preferível buscar refúgio no silêncio e na oração.
É dessa forma que dá para entender o ditado: “Antes sozinho do que mal acompanhado”, isto é, é preferível ficar sozinho que permanecer caminhando ao lado de pessoas que não me compreendem nem me auxiliam neste processo de busca de santidade que almejo.
No entanto, andar sozinho não quer dizer que eu tenho o direito de julgar o outro achando que ele está no caminho errado e eu no certo: certas coisas não precisam ser ditas. Cada um tem a sua consciência. Assim como não tenho o direito de me fechar caso a pessoa me procure: devo, como Jesus, estar sempre pronto a acolher e a ouvir, e caso seja solicitado a emitir a minha opinião sobre o que é correto, porque ensinar os ignorantes é uma obra de misericórdia.
Busquemos juntos a Divina Misericórdia e ela nos capacitará a buscar o outro de uma forma renovada.

domingo, 16 de agosto de 2009

Assunção Gloriosa da Mãe de Deus
A Assunção de Nossa Senhora foi transmitida pela tradição escrita e oral da Igreja. Ela não se encontra explicitamente na Sagrada Escritura, mas está implícita.
Os protestantes acreditam que a Mãe de Deus, apesar de ter sido o Tabernáculo vivo da divindade, devia conhecer a podridão do túmulo, a voracidade dos vermos, o esquecimento da morte, o aniquilamento de sua pessoa.
Vamos analisar o fato histórico, segundo é contato pelos primeiros cristãos e transmitido pelos séculos de forma inconteste.
Na ocasião de Pentecostes, Maria Santíssima tinha mais ou menos 47 anos de idade. Depois desse fato, permaneceu Ela ainda 25 anos na terra, para educar e formar, por assim dizer, a Igreja nascente, como outrora ela educara, protegera, e dirigira a infância do Filho de Deus.
Ela terminou sua "carreira mortal" na idade de 72 anos, conforme a opinião mais comum.
A morte de Nossa Senhor foi suave, chamada de "dormição".
Quis Nosso Senhor dar esta suprema consolação à sua Mãe Santíssima e aos seus apóstolos e discípulos que assistiram a "dormição" de Nossa Senhora, entre os quais se sobressai S. Dionísio Aeropagita, discípulo de s. Paulo e primeiro Bispo de Paris, o qual nos conservou a narração desse fato.
Diversos Santos Padres da Igreja contam que os Apóstolos foram milagrosamente levados para Jerusalém na noite que precedera o desenlace da Bem-aventurada Virgem Maria.
S. João Damasceno, um dos mais ilustres doutores da Igreja Oriental, refere que os fiéis de Jerusalém, ao terem notícia do falecimento de sua Mãe querida, como a chamavam, vieram em multidão prestar-lhe as últimas homenagens e que logo se multiplicaram os milagres em redor da relíquia sagrada de seu corpo.
Três dias depois chegou o Apóstolo S. Tomé, que a Providência divina parecia ter afastado, para melhor manifestar a glória de Nossa Senhora, como dele já se servira para manifestar o fato da ressurreição de Nosso Senhor.
S. Tomé pediu para ver o corpo de Nossa Senhora.
Quando retiraram a pedra, o corpo já não mais se encontrava.
Do túmulo se exalava um perfume de suavidade celestial!
Como o seu Filho e pela virtude de seu Filho, a Virgem Santa ressuscitara ao terceiro dia. Os anjos retiraram o seu corpo imaculado e o transportaram ao céu, onde ele goza de uma glória inefável.
Nada é mais autêntico do que estas antigas tradições da Igreja sobre o mistério da Assunção da Mãe de Deus, encontradas nos escritos dos Santos Padres e Doutores da Igreja, dos primeiros séculos, e relatadas no Concílio geral de Calcedônia, em 451.
Como Nossa Senhora era isenta do 'pecado original', ela estava imune à sentença de morte (conseqüência da expulsão do paraíso terrestre). Todavia, por não ter acesso à "árvore da vida" (que ficava no paraíso terrestre), Maria Santíssima teria que passar por uma "morte suave" ou uma "dormição".
Por um privilégio especial de Deus, acredita-se que Nossa Senhora não precisaria morrer se assim o desejasse, ainda que não tivesse acesso à "árvore da vida".
Tudo isso, é claro, ainda poderá ser melhor explicado com o tempo, quando a Igreja for explicitando certos mistérios relativos à Santíssima Virgem Maria que até hoje permanecem.
Muito pouco ainda descobrimos sobre a grandeza de Nossa Senhora, como bem disse S. Luiz Maria G. de Montfort em seu livro "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem".
É certo que Nossa Senhora escolheu passar pela morte, mesmo não tendo necessidade.
Quais foram, então, as razões da escolha da morte por Nossa Senhora?
Pode-se levantar várias hipóteses. O Pe. Júlio Maria (da década de 40) assinala quatro:
1) Para refutar, de antemão, a heresia dos que mais tarde pretenderiam que Maria Santíssima não tivesse sido uma simples criatura como nós, mas pertencesse à natureza angélica.
2) Para em tudo se assemelhar ao seu divino Filho.
3) Para não perder os merecimentos de aceitação resignada da morte.
4) Para nos servir de modelo e ensinar a bem morrer.
Podemos, pois, resumir esta doutrina dizendo que Deus criou o homem mortal. Deus deu a Maria Santíssima não o direito (por não ter acesso à "Árvore da vida"), mas o privilégio, de ser imortal. Ela preferiu ser semelhante ao seu Filho, escolhendo voluntariamente a morte, e não a padecendo como castigo do pecado original que nunca tivera.
Analisemos, agora, a Ressurreição de Maria Santíssima.
Os Apóstolos, ao abrirem o túmulo da Mãe de Deus para satisfazer a piedade de São Tomé e ao desejo deles todos, não encontrando mais ali o corpo de Nossa Senhora, deduziram e perceberam que Ela havia ressuscitado!
Não era preciso ver à ressurreição para crer no fato, era uma dedução lógica decorrente das circunstâncias celestiais de sua morte, de sua santidade, da dignidade de Mãe de Deus, da sua Imaculada Conceição, da sua união com o Redentor, tudo isso constituía uma prova irrefutável da Assunção de Nossa Senhora.
A Assunção difere da ascensão de Nosso Senhor no fato de que, no segundo caso, Nosso Senhor subiu por seu próprio poder, enquanto sua Mãe foi assunta ao Céu pelo poder de Deus.
Ora, há vários argumentos racionais em favor da Assunção de Nossa Senhora. Primeiramente, havendo entrado de modo sobrenatural nesta vida, seria normal que saísse de forma sobrenatural, esse é um princípio de harmonia nos atos de Deus. Se Deus a quis privilegiar com a Imaculada Conceição, tanto mais normal seria completar o ato na morte gloriosa.
Depois, a morte, como diz o ditado latino: "Talis vita, finis ita", é um eco da vida. Se Deus guardou vários santos da podridão do túmulo, tornando os seus corpos incorruptos, muito mais deveria ter feito pelo corpo que o guardou durante nove meses, pela pele que o revestiu em sua natureza humana, etc.
Nosso Senhor tomou a humanidade do corpo de sua Mãe. Sua carne era a carne de sua Mãe, seu sangue era o sangue de sua Mãe, etc. Como permitir que sua carne, presente na carne de sua santíssima Mãe, fosse corrompida pelos vermes e tragada pela terra? Ele que nasceu das entranhas amorosíssimas de Maria Santíssima permitiria que essas mesmas entranhas sofressem a podridão do túmulo e o esquecimento da morte? Seria tentar contra o amor filial mais perfeito que a terra já conheceu. Seria romper com o quarto mandamento da Lei de Deus, que estabelece "Honrar Pai e Mãe".
Qual filho, podendo, não preservaria sua Mãe da morte?
A dignidade de Filho de Deus feito homem exigia que não deixasse no túmulo Aquela de quem recebera o seu Corpo sagrado. Nosso Senhor Jesus Cristo, por assim dizer, preservando o corpo de Maria Santíssima, preservava a sua própria carne.
Ainda podemos levantar o argumento da relação imediata da paixão do Filho de Deus e da compaixão da Mãe de Deus, promulgada, de modo enérgico, no Evangelho, pela profecia de S. Simeão falando à própria Mãe: "Eis que este menino está posto para a ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição. E uma espada transpassará a tua alma" (Luc. 2, 34, 45).
Esta tradução em vernáculo (português, no caso) é larga. O texto latino (em latim) tem uma variante que parece ir além do texto em português. "Et tuam ipsius animam pertransibit glaudius" - o que quer dizer literalmente: o mesmo gládio transpassará a alma dele e a vossa.
Como seria possível que o Filho, tendo sido unido à sua Mãe em toda a sua vida, na sua infância e na sua dor, não se unisse à Ela na sua glória?
Tudo isso se levanta dos Evangelhos.
A Assunção de Maria Santíssima foi sempre ensinada em todas as escolas de teologia e não há voz discordante entre os Doutores. A Assunção é como uma conseqüência da encarnação do Verbo.
Se a Virgem Imaculada recebeu outrora o Salvador Jesus Cristo, é justo que o Salvador, por sua vez, a receba. Não tendo Nosso Senhor desdenhado descer ao seu seio puríssimo, deve elevá-la agora, para partilhar com Ela a sua glória.
Cristo recebeu sua vida terrena das mãos de Maria Santíssima. Natural é que Ela receba a Vida Eterna das mãos de seu divino Filho.
Além de conservar a harmonia em sua própria obra, Deus devia continuar favorecendo a Virgem Imaculada, como Ele o fez, desde a predestinação até a hora de sua morte.
Ora, podendo preservar da corrupção do túmulo a sua santa Mãe, tendo poder para fazê-la ressuscitar e para levá-la ao céu em corpo e alma, Deus devia fazê-lo, pois Ele devia coroar na glória aquela que já coroara na terra... Dessa forma, a Santíssima Mãe de Deus continuava a ser, na glória eterna, o que já fora na terra: "a mãe de Deus e a mãe dos homens".
Tal se nos mostra Maria na glória celestial, como cantava o Rei de sua Mãe, assim canta Deus de Nossa Senhora: "Sentada à direita de seu Filho querido" (3 Reis, 2, 19), "revestida do sol" (Apoc. 12, 1), cercada de glória "como a glória do Filho único de Deus" (Jo. 1, 14), pois é a mesma glória que envolve o Filho e a Mãe! Ele nos aparece tão belo! E ela como se nos apresenta suave e terna em seu sorriso de Mãe, estendendo-nos os braços, num convite amoroso, para que vamos a Ela e possamos um dia partilhar de sua bem-aventurança!
Quem eram os ‘irmãos’ de Jesus?
Pessoas não católicas vivem dizendo que Nossa Senhora teve outros filhos além de Jesus Cristo, pois a Bíblia refere-se aos "irmãos de Jesus". O monge beneditino Dom Estêvão Bettencourt, com todo o seu conhecimento de exegese das Sagradas Escrituras, esclarece: São sete os textos do Novo Testamento que mencionam irmãos de Jesus: Mc 6,3; Mc 3,31-35; Jo 2,12; Jo 7,2-10; At 1,14;Gl 1,19; 1Cor 9,5. Chamavam-se, conforme Mc 6,3: Simão, Tiago, José e Judas. O aramaico, que os judeus falavam no tempo de Jesus e que os evangelistas supõem, era uma língua pobre em vocábulos. A palavra aramaica e hebraica "irmão" podia significar não somente os filhos dos mesmos genitores, mas também os primos, ou até parentes mais distantes. No Antigo Testamento, 20 passagens atestam esse significado amplo de "irmão", como por exemplo: Gn 13,8 ("Abraão disse a seu sobrinho Lot, filho do seu irmão: ‘Somos irmãos’..."), Gn 29, 12-15; Gn 31, 23; 2Rs 10,13; Jz 9,3; 1Sm 20,29. E ainda pode-se conferir em 1Cor 23,21-23; 1Cor 15,5; 2Cor36,10; Mt 27,56 ("Estavam ali [no Calvário], a observar de longe..., Maria de Magdala, Maria, mãe de tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu"). Essa Maria, mãe de Tiago e de José, não é a esposa de São José, mas de Cléofas, conforme Jo 19,25. Era também a irmnã de Maria, mãe de Jesus, como se lê em Jo 19,25: "Estavam junto à cruz de Jesus, a sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria (esposa) de Cleofas, e Maria de Magdala. Pois bem, os nomes de Cléofas e Alfeu designam em grego a mesma pessoa, pois são formas gregas do nome aramaico Claphai. Ora, o mais antigo historiador da Igreja, Hegesipo, conta-nos que Cléofas ou Alfeu era irmão de São José. Daí se depreende que Cléofas e Maria de Cléofas tiveram como filhos Tiago, José, Judas e Simão, os quais, portanto, eram primos de Jesus. E o fato de aparecerem acompanhando Maria, embora não fossem seus filhos mas sobrinhos, explica-se porque no judaísmo a mulher não costumava apresentar-se desacompanhada de alguém do sexo masculino. Ora, julga-se que são José ttenha falecido antes do início da vida pública de Jesus, e quando este saiu de casa, Maria passou a contar com a companhia dos sobrinhos. Ainda: o termo "primogênito" não quer dizer que Maria tenha tido outros filhos depois do primeiro, Jesus. Em hebraico, bekor (primogênito) pode dizer simplesmente "o bem amado", pois o primogênito é certamente aquele filho, no qual, durante certo tempo, se concentra todo amor dos pais. Além disso, os hebreus o julgavam alvo de especial amor da parte de Deus, pois devia ser consagrado a Ele desde os seus primeiros dias.
O Batismo de Crianças
A Sagrada Escritura não refere explicitamente o Batismo de criança.Todavia narra que vários personagens pagãos professaram a fé cristã e se fizeram batizar "com toda a sua casa"; assim o centurião romano Cornélio (At 10,1s.24.44.47s), a negociante Lídia de Filipos (At 16,14s), o carcereiro de Filipos (At 16,31-33), Crispo de Corinto (At 18,8), a família de Estéfanas (1Cor 1,16). A expressão "casa" (domus em latim; oikos, em grego) tinha sentido amplo e enfático na antiguidade: designava o chefe da família com todos os seus domésticos, inclusive as crianças (que geralmente não faltavam em nenhuma casa). Indiretamente, pois, as Escrituras sugerem o Batismo de crianças.

Esta impressão se confirma desde que consideremos que os judeus batizavam os filhos pequeninos dos pagãos que abraçassem a fé de Israel. Ademais Orígenes de Alexandria (falecido em 250 d.C.) e S. Agostinho (falecido em 430 d.C.) atestam que o "costume de batizar crianças é tradição recebida dos Apóstolos". No próprio Evangelho, aliás, encontra-se a palavra incisiva do Senhor: "Quem não renascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino dos Céus" (Jo 3,5). Estes dizeres sempre foram entendidos em sentido estrito e aplicados tanto a crianças como adultos. Quando no século II aparecem
os primeiros testemunhos diretos do Batismo de crianças, nenhum deles o apresenta como inovação. S. Irineu de Lião (falecido em 202 d.C.) considerava óbvia; entre os batizados, a presença "as crianças e dos pequeninos" ao lado dos jovens e dos adultos. Sob S. Cipriano de Cartago (falecido em 258 d.C), um Sínodo do Norte da África dispôs que se podiam batizar as crianças "já a partir do segundo ou terceiro dia após o nascimento". Fazendo eco à Sagrada Escritura e à Tradição, os Papas e Concílios intervieram muitas vezes para recordar aos cristãos o dever de mandarem batizar os seus filhos. O Concílio regional de Cartago, por exemplo, declarou em 418 d.C.: "Também os mais pequeninos que não tenham ainda podido cometer pessoalmente algum pecado, são verdadeiramente batizados para a remissão dos pecados, a fim de que, mediante a regeneração, seja purificado aquilo que eles têm de nascença". (Desinger-Schönmetzer, Enquirídio, nº223).

Esta doutrina foi reafirmada por toda a Idade Média. No século XVI, o Concílio de Trento (1547) rejeitou a posição dos anabatistas, segundo os quais "era melhor omitir o Batismo das crianças do que batiza-las só na fé da Igreja, uma vez que elas ainda não crêem com um ato de fé pessoal" (DS 1626).

Ainda recentemente, diante de dúvidas levantadas nos últimos tempos, o Papa Paulo VI redigiu o Credo do Povo de Deus, no qual professa: "O Batismo deve ser administrado também às criancinhas que não tenham podido ainda tornar-se culpadas de qualquer pecado pessoal, a fim de que elas, tendo nascido privadas da graça sobrenatural, renasçam pela água e pelo Espírito Santo para a vida Divina em Cristo Jesus" (Credo nº18).

A razão teológica pela qual a Igreja pratica o Batismo de crianças, é a seguinte: o sacramento não é mera matrícula numa associação, mas é um renascer, um receber a vida nova dos filhos de Deus, que tem pleno sentido mesmo que a criança ignore o que lhe acontece; esse renascer para a vida eterna é que dá pleno sentido ao primeiro nascimento (a partir dos pais), pois torna a criança herdeira do Sumo Bem. O fato de que as crianças ainda não podem professar a fé pessoalmente, não é obstáculo, pois a Igreja batiza os pequeninos na fé da própria Igreja, isto é, professando fé em nome dos pequeninos.

Esta doutrina acha-se expressa no Ritual do Batismo quando o celebrante pede aos pais e padrinhos que professem "a fé da Igreja, na qual as crianças são batizadas". S. Agostinho dilata o horizonte do cristão ao escrever: "As crianças são apresentadas para receber a graça espiritual, não tanto por aqueles que as levam nos braços (embora também por eles, se
são bons fiéis), mas sobretudo pela sociedade universal dos santos e dos fiéis... É a Mãe Igreja toda, que está presente nos seus santos, a agir, pois é ela inteira que os gera a todos e a cada um" A Igreja só não batiza as crianças quando os pais não o querem ou quando não há garantia de que a criança batizada seja educada na fé católica. Mesmo quando os genitores não vivem como bons católicos, a Igreja julga que a criança tem o direito de ser batizada desde que os próprios pais ou os padrinhos ou a comunidade paroquial se encarreguem de ministrar-lhe a instrução religiosa. Eis o que reza o Cânon 868 do Código de Direito Canônico:

§ 1- Para que uma criança seja licitamente batizada, é necessário que:
1° os pais, ou ao menos um deles ou quem legitimamente faz as
suas vezes, consintam;
2º haja fundada esperança de que será educada na religião
católica; se essa esperança faltar de todo, o Batismo seja adiado
segundo prescrições do Direito particular; avisem-se os pais sobre o
motivo.
§ 2- Em perigo de morte, a criança filha de pais católicos, e mesmo
de não católicos, é licitamente batizada mesmo contra a vontade de
seus pais.

Caso não lhe seja possível batizar, a Igreja confia a criança falecida sem batismo ao amor de Deus, que é Pai e fonte de misericórdia, como se depreende do Rito das Exéquias aplicado a tais pequeninos. A partir de S. Anselmo (falecido em 1109), os teólogos propuseram o limbo como estado de felicidade natural reservado a tais crianças; elas veriam Deus indiretamente, como uma criatura, deixada a si mesma, o pode ver. Esta doutrina tornou-se comum, mas não é de
fé. Hoje em dia bons autores afirmam que Deus concede às crianças mortas sem batismo a visão face a face, levando em conta a oração universal da Igreja ou a oferta dos filhos feita pelos pais...E com razão: a doutrina do limbo supõe que algumas criaturas possam consumar-se na ordem meramente natural; ora Deus nunca tratou o ser humano apenas como ser racional, mas sempre como filho elevado à ordem sobrenatural; o homem decaiu desta pelo pecado original e foi resgatado por Cristo para poder atingir o seu fim sobrenatural ( a visão de Deus face a face). Por isto a tese do limbo, que admite uma felicidade meramente natural destoa de sólida premissa da teologia católica; conseqüentemente, é cada vez menos professada em nossos dias.

OBJEÇÕES À DOUTRINA DA IGREJA
Batismo e ato de fé

Nos escritos do Novo Testamento, o Batismo se segue à pregação do Evangelho, supõe a conversão e é acompanhado da profissão de fé. Em conseqüência, a sucessão "pregação-fé-sacramento" parece normal; as crianças deveriam estar sujeitas a catecumenato obrigatório. respondemos:

1) O Novo Testamento menciona geralmente a conversão e o Batismo de Adultos, pois refere à primeira propagação do Evangelho, que só podia ocorrer entre adultos. Todavia, como observamos, não exclui o batismo das crianças; ao contrário, supõe-no em mais de um caso...
2) O Batismo não é somente um sinal da fé, mas é a causa da mesma. Isto quer dizer: o Batismo não é somente o testemunho da fé do catecúmeno, mas é também o renascimento do indivíduo (Jo 3,5); o Batismo deposita na alma deste um princípio ( ou uma semente, conforme 1Jo3,9) de vida nova ou de filiação divina, que tende a desabrochar paulatinamente durante todo decorrer desta vida. Em conseqüência, independentemente do uso da razão, o Batismo atua no íntimo da criança, comunicando-lhe uma realidade nova, sobrenatural. Ao chegar à idade da razão, o pequenino pode tomar consciência da sua
dignidade e dispor das graças infundidas na sua alma pelo sacramento.

Batismo e liberdade da criança

Alega-se que o Batismo das criancinhas constitui um atentado à liberdade das mesmas. Seria contra a dignidade da pessoa impor-lhe obrigações religiosas que, mais tarde, talvez não queira aceitar. Daí a conveniência de só se ministrar o Batismo a quem possa assumir livremente os respectivos compromissos. Respondemos:

1) É de notar que, no plano natural, os pais fazem, em lugar de seus filhos, opções indispensáveis ao futuro destes: assim o
regime de alimentação, a higiene, a educação, a escola... Os pais que se omitissem a tal propósito sob o pretexto de salvaguardar a liberdade da criança, prejudicariam seriamente a prole. Ora, a regeneração Batismal vem a ser o bem por excelência que os pais católicos devem proporcionar aos filhos juntamente com a alimentação e a educação; para quem tem fé, a filiação divina é o mais importante de todos os valores.

2) Mesmo que a criança, chegando à adolescência, rejeite os deveres decorrentes do seu Batismo, o mal é então menor do que a omissão do sacramento. Com efeito, o fato de alguém rejeitar a boa educação que recebeu, é dano menos grave do que a omissão de educação por parte dos pais. Observemos ainda que, não obstante as aparências, os germens da fé depositados na alma da criança poderão um dia reviver; os pais contribuirão para isto mediante a sua oração e o seu
autêntico testemunho de fé.

Ministro e reiteração do batismo

1) O ministro ordinário do Batismo é o Bispo, o Presbítero ou o Diácono. Reza, porém, o Cânon 861§2: "Na ausência ou no impedimento do ministro ordinário, o catequista ou outra pessoa para isto designada pelo Ordinário local pode licitamente batizar; em caso de necessidade, qualquer pessoa movida por reta intenção. Os pastores de almas, principalmente o pároco,
sejam solícitos para que os fiéis aprendam o modo certo de batizar". Isto quer dizer que, em caso de necessidade (por ex: em perigo de vida de uma criança numa clínica), qualquer pessoa pode batizar mesmo que não tenha sido ela mesma batizada; basta que aplica a matéria (água natural) e as palavras correspondentes ( "Eu te Batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo") e tenha a intenção de fazer o que faz a Igreja.

No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) recebeu da Santa Sé a faculdade de permitir que as Dioceses do Brasil possam designar leigos como Ministro extraordinários do Batismo; deve haver imperiosas razões para que isto aconteça. O Ministro não ordenado não pratica o exorcismo, nem as unções nem o "Efeta" (Abre-te, com a saliva).

2) Diz ainda o Código de Direito Canônico: "Cânon 869 §1. Havendo dúvida se alguém foi Batizado ou se o Batismo foi conferido validamente e se a dúvida permanece após séria investigação, o Batismo lhe seja conferido sob condição.
§2. Aqueles que foram Batizados em comunidade eclesial não católica não devem ser Batizados sob condição a não ser que, examinadas a matéria e a forma das palavras no Batismo conferido, e, levando-se em conta a intenção do Batizado adulto e do Ministro que o Batizou, haja séria razão para duvidar da validade do Batismo".

A Conferência Nacional dos Bispos, depois de uma pesquisa feita sobre o modo como as comunidades católicas Batizam no Brasil, chegou às seguintes conclusões:

1) Batizam validamente de modo a excluir outro Batismo, mesmo sob condição: as Comunidades Orientais Ortodoxas, a Comunidade dos Velhos-Católicos, a dos Anglicanos (Episcopais), as Luteranas, e a Metodista.

2) Outras comunidades professam conceito de Batismo, diferente do Católico (o Batismo não justificaria e, por isto, não
seria necessário). Por isto alguns de seus pastores não seguem exatamente o rito Batismal prescrito. Todavia, se há certeza de que a pessoa foi batizada de acordo com o rito adotado por essas comunidades, não se devem re-batizar nem sob condição. Tais são: as comunidades presbiterianas, as Batistas, as Congregacionalistas, as Adventistas, a maioria das Pentecostais ( Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, "Deus é Amor", "Evangelho Quadrangular", "O Brasil para Cristo"), o Exército da Salvação (este grupo não costuma Batizar, mas, quando o faz, costuma faze-lo validamente).

3) Deixam dúvidas e, por conseguinte, suscitam a necessidade de novo Batismo (sob a condição: "Se não és Batizado, eu te
Batizo...): Igreja Pentecostal Unida do Brasil (Batiza em nome de Jesus, e não da SS. Trindade), "Igrejas Brasileiras", Mórmons (negam o papel redentor de Cristo).

4) Com certeza, Batizam invalidamente: as Testemunhas de Jeová (negam a SS. Trindade ), a Ciência Cristã e os grupos
religiosos não cristãos, como a Umbanda e a Maçonaria (na acepção de Lawtons).

5)O Direito Canônico prescreve outrossim:
"Cânon 870.A criança exposta ou achada seja Batizada, a não ser que, após cuidados a investigação, conste do seu Batismo".
"Cânon 871. Os fetos abortivos, se estiverem vivos, sejam batizados, na medida do possível".

Dom Estevão Tavares Bettencourt
Por que o padre não se casa?

Celibato é uma entrega total e amorosa ao Reino de Deus
Quando ouço alguém dizer ou mesmo me perguntar: “Por que padre não se casa?” Eu poderia repetir a pergunta de outro jeito: Por que você se casou ou por que você está solteiro? Por que você é professora ou advogado? Ou mãe de família? E assim por diante. Isso prova que toda vocação é um grande mistério entre Deus e o coração da pessoa por Ele convidada a abraçar um estado de vida. Não se esqueça que alguém pode ser feliz e realizado ou infeliz e triste pela escolha livre que fez. A vocação é assumida livremente e eu não fui obrigado a assumir o sacerdócio e o celibato.
O celibato não é uma castração nem uma proibição de casar ou outras coisas semelhantes. Celibato é uma entrega total e amorosa ao Reino de Deus e ao serviço do Seu povo. Neste estado de vida eu assumo e respondo livremente, pois a diferença não está tanto no exterior, mas está dentro de minha alma, foge de mim e de mim transborda.
Acredito que eu seja diferente somente pela escolha e pela consagração que Deus fez comigo, assim como você pode ser diferente naquilo que você é. Não posso negar: sou diferente de dentro para fora, sou consagrado, separado para ser todo de Deus, para ser todo das pessoas, da missão, da Igreja. O celibato não limita o meu amor, pelo contrário, alarga-o até o infinito; não me prende a ninguém, mas me deixa livre para todos. É um desafio, pois continuo exatamente como todo homem: com sentimentos, dificuldades e pecados também, mas eu abracei a escolha que fiz: “Estou no mundo, mas não sou do mundo, nem sou como todo o mundo”.
O nosso mundo precisa exatamente de mim assim diferente e talvez seja isso que incomode e ajude tanto as pessoas.
Você aceita ser diferente assumindo a vocação que abraçou?
Eu fui conquistado por amor e por amor continuo todos os dias deixando-me conquistar: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que escolhe a vós”. Vocação é um mistério que eu vou descobrindo todos os dias um pouco mais.
Peço a você a permissão de ter uma vocação diferente e nela ser realizado e feliz. Como existem casais, jovens, professores, domésticas, médicos felizes e realizados em sua vocação, eu sou feliz e realizado por ser sacerdote e celibatário. Que bom que todo o mundo não é igual e não tem a mesma vocação, a diferença enriquece a vida e o mundo.
Como sempre dizemos: “As diferenças não são barreiras, mas sim, riquezas”. O mais importante é ser coerente e verdadeiro na diferença que assumimos em nossa vida.
Parabéns por você ser diferente e feliz!
O que diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC), número §1579: “Todos os ministros ordenados da Igreja latina, com exceção dos diáconos permanentes, normalmente são escolhidos entre os homens fiéis que vivem como celibatários e querem guardar o celibato "por causa do Reino dos Céus" (Mt 19,12). Chamados a consagrar-se com indiviso coração ao Senhor e a "cuidar das coisas do Senhor", entregam-se inteiramente a Deus e aos homens. O celibato é um sinal desta nova vida a serviço da qual o ministro da Igreja é consagrado; aceito com coração alegre, ele anuncia de modo radiante o Reino de Deus”.
CIC §1599: “Na Igreja latina, o sacramento da Ordem para o presbiterado normalmente é conferido apenas a candidatos que estão prontos a abraçar livremente o celibato e manifestam publicamente sua vontade de guardá-lo por amor do Reino de Deus e do serviço aos homens” (Cf. Catecismo da Igreja Católica, números 1579/1580).
O celibato não limita o meu amor, pelo contrário, alarga-o até o infinito, não me prende a ninguém, me deixa livre para todos.
Oração: Senhor da messe e pastor do rebanho, faz ressoar em nossos ouvidos o teu forte e suave convite: “Vem e segue-me"! Derrama sobre nós o teu Espírito, que Ele nos dê sabedoria para ver o caminho e a generosidade para seguir a tua voz. Senhor, que a messe não se perca por falta de operários. Desperta as nossas comunidades para a missão. Ensina a nossa vida a ser serviço. Fortalece os que querem dedicar-se ao Reino, na vida consagrada e religiosa.
Senhor, que o rebanho não pereça por falta de pastores. Sustenta a fidelidade dos nossos bispos, padres e ministros. Dá perseverança aos nossos seminaristas. Desperta o coração dos nossos jovens para o ministério pastoral na tua Igreja.
Senhor da messe e pastor do rebanho, chama-nos para o serviço do teu povo. Maria, Mãe da Igreja, modelo dos servidores do Evangelho, ajuda-nos a responder "sim". Amém


Amar, o verdadeiro martírio
A atitude de amar é cada vez mais rara
Muitas vezes, deparamos com coisas que nos sentimos incapazes de fazer por conta de nossas misérias। Jesus, no “testamento” d'Ele, nos deixa uma ordem que é o grande desafio da vida de qualquer ser humano: “Amai-vos uns aos outros” (João 15,12)। O mandamento do amor, muito mais que uma simples ordem, é um projeto de vida que perpassa a existência de todo homem. Como imagem e semelhança de Deus, que é amor, o homem tem por vocação amar. Por isso se não a [vocação] cumpre, não encontra em sua vida a verdadeira realização e a felicidade. Amar é a vida do ser humano. Alguém que não ama já está morto.
Mas quem disse que amar é fácil? Quem disse que felicidade e realização são palavras opostas a sacrifício e a sofrimento? Em meio a um mundo hedonista, impregnaram em nossa consciência que felicidade é fazer e viver tudo o que, de alguma forma, não nos custe nada. É por isso que cada vez mais o mundo se torna individualista e a atitude de amar é cada vez mais rara. Amar exige sofrimento, renúncia, martírio.
Se amar é muito mais do que um simples sentimento, é uma decisão e uma atitude de vida, logicamente vai exigir um sacrifício próprio. Muita gente projeta a vida a partir de um desejo, às vezes, um carro, uma casa e sacrifica muita coisa em função disso. Se o projeto próprio dos filhos de Deus é amar, precisamos nos dispor a acolher os sacrifícios próprios dessa decisão.
Somos acostumados a desejar que as pessoas nos amem muito, incondicionalmente, sem olhar para as nossas misérias e limitações. Mas quando chega a hora de amar o outro, colocamos uma série de condições. E o amor incondicional? E o amor oblação? E a alegria maior de dar do que receber? E a verdade que o amor que me cura é o que dou e não o que recebo? Não são simples perguntas, mas uma verdadeira revisão de vida para a qual somos convidados por Deus.
Jesus afirma que se a semente, na terra, não morrer ela não gerará frutos. Amar é morrer! Morrer para as minhas vontades e minhas carências e me decidir em traduzir em ato a vocação que Deus destinou para a minha existência. Não há nenhum ato de amor que não exija de nós o derramar do nosso sangue, um martírio constante que nos leva à oblação e à doação. O amor acarreta sofrimento, cruz, morte. Mas traz consigo redenção, ressurreição, alegria!
Martírio é testemunho. Mártir é aquele que derramou o seu sangue para testemunhar ao mundo um amor maior. É aquele que cumpriu, com excelência, a sua vocação de amar. Em um mundo, que não mais acredita em muitas verdades essenciais, há a extrema necessidade de pessoas capazes de suportar todas as tribulações, de forma a testemunhar que o mandamento do Senhor não é uma utopia. Deus nos chama a sermos hoje mártires do amor, em meio a um povo que esqueceu a sua vocação de amar.
Talvez você esteja sofrendo muito por ter se decidido a amar alguém concretamente e sem esperar nada em troca. Pode ser que a decisão de amar o esteja levando a chorar ao se deitar e a perder noites de sono. Ou então, sua vida se tornou um verdadeiro calvário a partir do momento em que você saiu da teoria e foi colocar a sua vocação de filho de Deus em prática. Louvado seja Deus! Você está se aproximando cada vez mais da meta, da plenitude do verdadeiro projeto de vida que Jesus nos deixou : “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo” (João 15, 12).
Quando os nossos sofrimentos são causados por atos verdadeiros de amor, eles nos trazem dor, mas trazem também um sentimento de felicidade inigualável. Não uma felicidade aos moldes mundanos, mas a verdadeira felicidade, a verdadeira paz no coração daqueles que realizaram, com aquele sacrifício, a vontade de Deus para a sua vida.
Jesus nos deixou o exemplo da cruz. A cruz é o modelo de amor. Ele nos amou até o fim e nos mostrou que, por amor, somos capazes de levar a nossa decisão até as últimas consequências. Até o derramamento de sangue. Dando literalmente a vida. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (João 15, 13).
É hora de pararmos de ficar lambendo as nossas feridas e transformá-las em chagas de amor. Se amar o tem machucado e ferido, você agora tem mais coisas em comum com Jesus. Quando chegar à vida eterna, Ele vai olhar para essas chagas e vai lhe dizer: “Como você é parecido comigo!”. Por isso: não desista de amar! Não desista de testemunhar ao mundo que o amor não é uma utopia, mas uma verdade. Seja onde for que Deus o coloque, seja um mártir do amor. Dê a sua vida pela simples, mas inigualável e heroica decisão de amar sem condições, sem medidas.

Por onde começar um estudo bíblico?
Cada pessoa deve procurar um roteiro de estudo que lhe seja mais útil.
Quando alguém se propõe a fazer uma viagem, o ideal é que ele se programe para esta empreitada: defina qual meio de condução vai utilizar (avião, carro, ônibus…), onde vai se hospedar, em que lugar fará as refeições, entre outros. Se for de carro, por exemplo, é essencial que o viajante veja por qual caminho seguirá para chegar ao destino final. Se ele quiser chegar mais rápido deverá optar por determinada estrada; se quiser pagar menos pedágios deverá seguir por outro caminho; se quiser se hospedar em bons hotéis poderá escolher outra rota.
Com certeza, cada um dos caminhos tem sua beleza própria e também sua dificuldade. É preciso que a pessoa que vá viajar escolha o roteiro que é mais adequado para a sua realidade. Qual caminho se encaixa melhor no objetivo da viagem e do mesmo modo, qual não trará maiores dificuldades.
Quando nos propomos ao estudo bíblico algo parecido acontece. Estudar e se aprofundar nos textos bíblicos é também viajar por lugares muitas vezes desconhecidos. Por isso, é preciso que haja um planejamento, assim como nessa viagem de automóvel. Faz-se necessário escolher um roteiro de estudo – um método que melhor se encaixe na realidade daquele que se dispõe a ler e a entender os textos da Sagrada Escritura. Por isso, cada pessoa deve procurar um roteiro de estudos bíblicos que lhe seja mais útil e oportuno.
São vários os roteiros de estudos bíblicos que temos hoje no mercado. Sem desmerecer os demais, quero indicar aqui quatro deles, pois são os que conheço de forma mais aprofundada e sei dos resultados que proporcionam. Repito, esses são apenas alguns dos tantos e bons roteiros que temos à disposição. O que precisa ficar claro é a necessidade de seguir um percurso que nos dê segurança e nos impulsione a não desistir no meio da viagem.
Curso Bíblico da Escola Mater Ecclesiae – O primeiro roteiro vem da escola fundada por Dom Estevão Tavares Bettencourt OSB, cujo objetivo é a formação. É um tipo de curso de teologia para leigos por correspondência.
“Lectio Divina” – O segundo é um dos métodos mais antigos da Igreja. Leitura da Bíblia a partir de quatro passos: Ler, Meditar, Orar e Contemplar. O objetivo da Lectio Divina é – através de um método orante – proporcionar um contato direto com as Sagradas Escrituras.
O terceiro método é a coleção “Luz para os meus passos” – baseada na “Lectio Divina”. Trata-se de uma proposta que segue uma apostila com uma lição que deve ser feita a cada dia. De certo modo ela mescla essa leitura orante com alguns conhecimentos mais técnicos, como o que temos no método da Escola Mater Ecclesiae.
“A Bíblia no meu dia-a-dia” – O quarto roteiro indicado por mim faz parte da proposta do monsenhor Jonas Abib. O estudo possui alguns passos e também possui uma ligação direta com a “Lectio Divina”: num diário espiritual a pessoa deve, ao fazer o estudo de um trecho bíblico, anotar as promessas de Deus, as ordens d'Ele, os princípios eternos, a mensagem de Deus e como aplicar o entendimento do texto no cotidiano.
Além desses métodos, sei que algumas pessoas fazem estudos dos Livros Sagrados orientados por roteiros disponíveis em páginas da internet. É preciso muito cuidado! Já vi muita coisa errada e perigosa em várias dessas propostas. Se ainda assim, você faz ou deseja fazer um estudo orientado pela rede mundial de computadores, então tome as devidas precauções: veja quem é a pessoa que ministra o curso, se está vinculado à Igreja Católica, qual a procedência do site, converse com outras pessoas que também seguem esse curso e peça orientação ao seu diretor espiritual, pároco ou coordenador da sua comunidade.
Existe também o fato de muitas pessoas não conseguiram se adaptar a nenhum dos roteiros que conheceram e por isso resolveram ler a Bíblia começando no seu primeiro livro, o Gênesis, seguindo até o Apocalipse – lendo um ou alguns capítulos diariamente. Particularmente, acho esse caminho o mais difícil, mas não posso negar que também funciona ao ver algumas pessoas optarem e se adequarem a essa proposta.
O importante é que você faça uso de um bom roteiro que o impeça de se perder nessa viagem e o mantenha motivado para seguir adiante. Escolha um percurso de estudos que vá de acordo com as suas necessidades e capacidades, tomando o devido cuidado em averiguar a procedência do roteiro que assume para si. E que, seguindo essas orientações, possa, durante a maravilhosa viagem pelos textos bíblicos, ter a certeza de que a Palavra de Deus é lâmpada para nossos pés e luz para o nosso caminho (cf. Salmo 119,105).
Por onde começar um estudo bíblico?
Cada pessoa deve procurar um roteiro de estudo que lhe seja mais útil.
Quando alguém se propõe a fazer uma viagem, o ideal é que ele se programe para esta empreitada: defina qual meio de condução vai utilizar (avião, carro, ônibus…), onde vai se hospedar, em que lugar fará as refeições, entre outros. Se for de carro, por exemplo, é essencial que o viajante veja por qual caminho seguirá para chegar ao destino final. Se ele quiser chegar mais rápido deverá optar por determinada estrada; se quiser pagar menos pedágios deverá seguir por outro caminho; se quiser se hospedar em bons hotéis poderá escolher outra rota.
Com certeza, cada um dos caminhos tem sua beleza própria e também sua dificuldade. É preciso que a pessoa que vá viajar escolha o roteiro que é mais adequado para a sua realidade. Qual caminho se encaixa melhor no objetivo da viagem e do mesmo modo, qual não trará maiores dificuldades.
Quando nos propomos ao estudo bíblico algo parecido acontece. Estudar e se aprofundar nos textos bíblicos é também viajar por lugares muitas vezes desconhecidos. Por isso, é preciso que haja um planejamento, assim como nessa viagem de automóvel. Faz-se necessário escolher um roteiro de estudo – um método que melhor se encaixe na realidade daquele que se dispõe a ler e a entender os textos da Sagrada Escritura. Por isso, cada pessoa deve procurar um roteiro de estudos bíblicos que lhe seja mais útil e oportuno.
São vários os roteiros de estudos bíblicos que temos hoje no mercado. Sem desmerecer os demais, quero indicar aqui quatro deles, pois são os que conheço de forma mais aprofundada e sei dos resultados que proporcionam. Repito, esses são apenas alguns dos tantos e bons roteiros que temos à disposição. O que precisa ficar claro é a necessidade de seguir um percurso que nos dê segurança e nos impulsione a não desistir no meio da viagem.
Curso Bíblico da Escola Mater Ecclesiae – O primeiro roteiro vem da escola fundada por Dom Estevão Tavares Bettencourt OSB, cujo objetivo é a formação. É um tipo de curso de teologia para leigos por correspondência.
“Lectio Divina” – O segundo é um dos métodos mais antigos da Igreja. Leitura da Bíblia a partir de quatro passos: Ler, Meditar, Orar e Contemplar. O objetivo da Lectio Divina é – através de um método orante – proporcionar um contato direto com as Sagradas Escrituras.
O terceiro método é a coleção “Luz para os meus passos” – baseada na “Lectio Divina”. Trata-se de uma proposta que segue uma apostila com uma lição que deve ser feita a cada dia. De certo modo ela mescla essa leitura orante com alguns conhecimentos mais técnicos, como o que temos no método da Escola Mater Ecclesiae.
“A Bíblia no meu dia-a-dia” – O quarto roteiro indicado por mim faz parte da proposta do monsenhor Jonas Abib. O estudo possui alguns passos e também possui uma ligação direta com a “Lectio Divina”: num diário espiritual a pessoa deve, ao fazer o estudo de um trecho bíblico, anotar as promessas de Deus, as ordens d'Ele, os princípios eternos, a mensagem de Deus e como aplicar o entendimento do texto no cotidiano.
Além desses métodos, sei que algumas pessoas fazem estudos dos Livros Sagrados orientados por roteiros disponíveis em páginas da internet. É preciso muito cuidado! Já vi muita coisa errada e perigosa em várias dessas propostas. Se ainda assim, você faz ou deseja fazer um estudo orientado pela rede mundial de computadores, então tome as devidas precauções: veja quem é a pessoa que ministra o curso, se está vinculado à Igreja Católica, qual a procedência do site, converse com outras pessoas que também seguem esse curso e peça orientação ao seu diretor espiritual, pároco ou coordenador da sua comunidade.
Existe também o fato de muitas pessoas não conseguiram se adaptar a nenhum dos roteiros que conheceram e por isso resolveram ler a Bíblia começando no seu primeiro livro, o Gênesis, seguindo até o Apocalipse – lendo um ou alguns capítulos diariamente. Particularmente, acho esse caminho o mais difícil, mas não posso negar que também funciona ao ver algumas pessoas optarem e se adequarem a essa proposta.
O importante é que você faça uso de um bom roteiro que o impeça de se perder nessa viagem e o mantenha motivado para seguir adiante. Escolha um percurso de estudos que vá de acordo com as suas necessidades e capacidades, tomando o devido cuidado em averiguar a procedência do roteiro que assume para si. E que, seguindo essas orientações, possa, durante a maravilhosa viagem pelos textos bíblicos, ter a certeza de que a Palavra de Deus é lâmpada para nossos pés e luz para o nosso caminho (cf. Salmo 119,105).

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O que é Santíssima Trindade?
Antes de tudo é preciso explicar que a palavra mistério não quer dizer algo que seja impossível de existir ou de acontecer; mistério é apenas algo que a nossa inteligência não compreende. Se você, por exemplo, não é físico, a teoria da relatividade de Einstein é um mistério para você, mas não é para os físicos. Se você não é biólogo a complexidade da célula, dos cromossomos e dos gens pode ser um mistério, mas não é para aquele que estudou tudo isso.Ora, Deus é um Mistério para todos nós, porque a Sua grandeza infinita não cabe na nossa inteligência limitada de criatura. Se entendesse Deus, este não seria o verdadeiro Deus. O Criador não pode ser plenamente entendido pela criatura; isto é lógico, é normal e é correto. Depois de tentar de muitos modos desvendar o Mistério da Santíssima Trindade, Santo Agostinho (†430) abdicou: ‘Deus não é para se compreendido, mas para ser adorado!” A criatura adora o seu Criador, mesmo sem o compreender perfeitamente. O pecado dos demônios foi não querer adorar a Deus seu Criador; quiseram ser deuses.O Mistério da Santíssima trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus pode-se dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo. Foi Jesus sobretudo quem revelou o Pai, Ele como Deus, e o Espírito Santo; isto não foi invenção da Igreja. A verdade revelada da Santíssima Trindade está nas origens da fé viva da Igreja, principalmente através do Batismo. “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (2Cor 13,13; cf. 1Cor 12,4-6; Ef 4,4-6) já pronunciavam os Apóstolos.Deus é o Infinito de todas as potencialidades que possamos imaginar. Ele é Incriado; não foi feito por ninguém, não teve principio e não terá fim; isto é, é Eterno. A criatura não é eterna, pois um dia ela começou a existir; não era, e passou a ser, porque o Incriado a criou num ato de liberdade plena e de amor. O fato de você existir já é uma grande prova do amor de Deus por você; Ele quis que você existisse e o criou. Deus é espírito (Jo 4, 24) não é feito de matéria criada, pois foi ele quem criou toda matéria que existe fora do nada; logo não poderia ter sido feito de matéria. Muitos têm dificuldade de entender a existência de um ser não carnal, espiritual, como os Anjos, Deus e a nossa alma; mas eles existem de fato. Ora, você não vê a onda eletromagnética que leva o sinal do rádio e da tv, mas você não duvida de que ela exista. Da mesma forma você não pode ver os anjos e a alma, mas eles existem. Deus é Perfeitíssimo; Nele não há sombra de defeito ou de erro; Ele não pode se enganar e não pode enganar ninguém; não pode fazer o mal. Ninguém pode acusar Deus de fazer o mal; Ele só pode fazer o bem. Ele pode “permitir” que o mal nos atinja para a nossa correção (Hb 12, 4ss) e mudança de vida; mas Ele nunca pode criar o mal e nos mandar o mal. O mal vem da nossa imperfeição como criatura e do nosso pecado (Rm 6,23).Deus é Onipotente (Gn 17,1; 28,3; 35,11; 43,14; Ex 6,3; Ap 1,8; 4,8; 11,17; 16,14; 21,22); pode tudo; nada lhe é impossível. “A Deus nada é impossível” (Lc 1, 37) disse o Arcanjo Gabriel a Maria na Anunciação. Não há alguma coisa que você possa imaginar que Deus não possa fazer simplesmente com o seu querer. Basta um pensamento Seu, uma Palavra, e tudo será feito porque Ele tem poder Infinito. Por isso só Deus pode criar, só Ele pode “tirar algo do nada”; só Ele pode chamar à existência um ser que não existia; a partir do nada. Para fazer um bolo a cozinheira precisa da matéria prima; Deus não precisa. A cozinheira “faz” o bolo, Deus “cria” a partir do nada. Deus também é Onisciente; quer dizer sabe tudo; ninguém consegue esconder nada de Deus; Ele tudo vê. Deus é Onipresente (Sl 139,7; Sb 1,7; Eclo 16,17-18; Jr 23,24; Am 9,2-3; Ef 1,23); está em toda parte, porque é puro espírito. Diz o Salmista: “Senhor, Vós me perscrutais e me conheceis. Sabeis tudo de mim, quando me sento e me levanto... Para onde irei longe de teu Espírito? Para onde fugirei apartado de tua face? Se subir até os céus, Vós estais ali, se descer para o abismo eu Vos encontro lá.” (Sl 138,1-7)E Deus é muito mais; Deus é nosso Pai amoroso com ensinou Jesus. É Amor (1Jo 4,8.) É fonte de vida e santidade (Rm 6,23; Gl 6,8; Ef 1,4-5; 1Ts 4,3; 2Ts 2,13-17). É ilimitado ( 1Rs 8,27; Jr 23,24; At 7,48-49). É misericordioso (Ex 34,6; 2Cr 30,9; Sl 25,6; 51;1; Is 63,7; Lc 6,36; Rm 11,32; Ef 2,4; Tg 5,11). É o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis (Gn 1,1; Jó 26,13; Sl 33,6; 148,5; Pv 8,22-31; Eclo 24,8; 2Mc 7,28; Jo 1,3; Cl 1,16; Hb 11,3). É o Juiz do universo (1Sm 2,10; 1Cr 16,33; Ez 18,30; Mt 16,27; At 17,31; Rm 2,16; 2Tm 4,1; 1Pd 4,5).Deus é uno (Dt 32,39; Is 43,10; 44,6-8; Os 13,4; Ml 2,10; 1Cor 8,6; Ef 4,6); não pode haver mais de um Deus simplesmente pelo fato de que se houvesse dois deuses, um deles seria inferior ao outro; e Deus não pode ser inferior a nada; Ele é absoluto.A Trindade é Una. Não professamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: “a Trindade consubstancial”, ensinou o II Concílio de Constantinopla em 431 (DS 421). As pessoas divinas não dividem entre si a única divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro: “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por natureza” (XI Concílio de Toledo, em 675, DS 530). “Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina” (IV Conc. Latrão, em 1215, DS 804).“Deus é único, mas não solitário” disse o Papa Dâmaso (Fides Damasi, DS 71). “Pai”, “Filho”, “Espírito Santo” não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: “Aquele que é Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). São distintos entre si por suas relações de origem: “É o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede” (IV Conc. Latrão, e, 1215, DS 804). A Unidade divina é Trina.“Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho” (Conc. Florença, em 1442, DS 1331).O Símbolo Quicunque de Santo Atanásio assim explicava: “A fé católica é esta: que veneremos o único Deus na Trindade, e a Trindade na unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância: pois uma é a pessoa do Pai, outra, a do Filho, outra, a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna a majestade”(DS 75). A Santíssima Trindade e inseparável naquilo que são, e da mesma forma o são naquilo que fazem. Mas na única operação divina cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade, sobretudo nas missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo.Pela graça do Batismo “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) somos chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade, aqui na terra, mesmo na obscuridade da fé, e para além da morte, na luz eterna. Esta é a nossa magnífica vocação.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!