sexta-feira, 1 de maio de 2009

Biblia catolica e Protestantes.

"Porque os protestantes retiram alguns livros de sua bíblia? No que eles se fundamentaram para isto? A Bíblia Católica é a verdadeira, por que eles não aceitam-a?"

Os protestantes retiraram 7 livros da Bíblia, que são chamados de deuterocanônicos, a saber: Eclesiástico, 1o. e 2o. Macabeus, Baruc, Tobias, Judite, Sabedoria; eliminaram também trechos de Daniel e Esther.

As desculpas usadas foram as mais variadas, mas podemos reduzí-las a estas:

Houve disputa em torno dos livros deuterocanônicos no começo da Igreja, pois esses livros foram rejeitados pelos judeus por volta do ano 100, no Sínodo de Jâmnia; contra esse argumento, basta lembrar que os judeus também rejeitaram o Novo Testamento, e que portanto esse critério não pode ser tomado como válido; também, as causas da retirada dos livros são sempre por uma estreiteza e rigorismo do povo judaico, como por exemplo a necessidade do livro estar escrito em hebraico; também convém lembrar que houve livros disputados no Novo Testamento, como a Epístola aos Hebreus e a Segunda Epístola de São Pedro, por exemplo: se a disputa na Igreja Primitiva é sinal de que o livro não é canônico, então os protestantes deveriam retirar de suas bíblias também os livros disputados do Novo Testamento;
Os livros deuterocanônicos contém doutrinas rejeitadas pelos protestantes, como o purgatório, defendido claramente em Macabeus e o culto às relíquias no Eclesiástico; os protestantes caem em uma referência circular nesse caso, pois rejeitaram os livros porque tinham doutrinas que não aceitam; depois dizem que não aceitam as doutrinas porque estão em livros que não fazem parte da Bíblia! Note ainda que nem todos os protestantes concordam com o canon bíblico do modo como está hoje: Lutero chamava a epístola de São Tiago de "carta de palha", Calvino desprezava o Apocalipse, os atuais "testemunhas de iehoshua" (sic) não aceitam o Evangelho de São Mateus, e por aí vai...
A exclusão de livros da Bíblia é consequência do falso princípio luterano do livre exame da Bíblia: se cada um interpreta a Bíblia do jeito que quer, por que também não pode definir que livros aceitar como verdadeiros? São Francisco de Sales alertava já no tempo da reforma que os protestantes haviam eliminado a Tradição e o Magistério da Igreja; depois rejeitaram vários livros, e que no fim acabariam por rejeitar a própria Bíblia. Sábias palavras de um grande santo.

Quanto às versões da Bíblia (Antigo Testamento), havia basicamente duas: a hebraica, que não tinha os livros deuterocanônicos, e a grega (ou Septuaginta) com os livros; é interessante notar que os judeus as usavam indistintamente, tendo ambas por canônicas. E também importa notar que das 350 citações do Antigo Testamento feitas no Novo Testamento, aproximadamente 300 são da Septuaginta. Ou seja: Cristo e os Apóstolos (e Evangelistas) usavam a Septuaginta, sem que nenhum judeu em nenhum momento opusesse qualquer obstáculo doutrinário ao seu uso. De fato, os judeus só irão optar pelo canon reduzido cem anos depois do início da era cristã, em uma reunião em Jâmnia.